O Demônio de Maxwell: o enigma que desafiou a física – Você vai se encantar com a termodinâmica. Baseada em quatro leis, ela define ideias que ajudam você a entender sistemas de calor.
A segunda lei apresenta a entropia: em um sistema isolado, a entropia só aumenta ou fica igual. Aí surge o demônio de Maxwell — um experimento mental que parece quebrar essa lei ao separar partículas rápidas e lentas sem gastar trabalho.
Por décadas isso foi um problema. Léo Szilard disse que medir as partículas gasta energia e aumenta a entropia. Depois, Landauer explicou que nem toda medição aumenta entropia; o que aumenta mesmo é apagar informação. O princípio de Landauer diz que apagar um bit exige um aumento de entropia mínimo de kB ln 2.
Esse debate deu origem à teoria da informação e mudou a computação. Neste artigo você seguirá essa história e verá por que duvidar é parte da ciência.
Principais Aprendizados
- A entropia em um sistema isolado não diminui.
- O demônio de Maxwell parecia desafiar essa regra.
- Medir partículas pode exigir energia.
- Apagar informação aumenta a entropia (princípio de Landauer).
- O paradoxo gerou a teoria da informação.
A Segunda Lei e o conceito de Entropia
A segunda lei da termodinâmica diz que, em um sistema isolado, a variação da entropia é sempre maior ou igual a zero. Em termos simples: a desordem tende a aumentar. Pense num quarto: sem intervenção, tende a ficar mais bagunçado. Para uma Explicação acessível sobre entropia termodinâmica, consulte a Wikipédia.
Quando você interpreta entropia como grau de desordem, percebe que processos naturais tornam as coisas mais aleatórias — calor flui espontaneamente de regiões quentes para frias, aumentando a entropia total.
A segunda lei vale bem para sistemas macroscópicos, mas no mundo das partículas surgiu a pergunta: será que a lei vale sem exceção? Essa dúvida motivou o experimento mental de Maxwell.
A ideia de diminuir entropia localmente mexe com a intuição. Se alguém pudesse separar partículas rápidas das lentas sem gasto de energia, pareceria possível criar uma máquina que quebra a segunda lei — por isso o experimento chamou tanta atenção.
O experimento mental do Demônio de Maxwell
Maxwell imaginou uma caixa com gás em equilíbrio térmico, dividida em duas por uma pequena porta. Um ser — o demônio — controlaria a porta, observando partículas e deixando apenas as rápidas passarem para um lado e as lentas para o outro. Para uma visão mais aprofundada, veja a Análise filosófica e física do demônio.
Assim, um lado ficaria mais quente e o outro mais frio sem trabalho mecânico aparente, parecendo contrariar que a entropia total não pode diminuir. Maxwell não construiu a máquina; mostrou uma possibilidade lógica que forçou os físicos a considerar o papel da medição e da informação na termodinâmica.
Se o demônio fosse um controlador perfeito e sem custo, a segunda lei pareceria falhar — o que transformou o experimento num paradoxo que permaneceu aberto por décadas.
Como funciona o experimento passo a passo
- O demônio observa partículas individuais.
- Abre a porta apenas para partículas rápidas indo para um lado.
- Deixa passar as partículas lentas para o outro lado.
Primeiro vem a observação, depois a decisão e então a ação. Cada etapa levanta perguntas sobre energia e informação. Se todas fossem sem custo, a entropia total diminuiria; mas se alguma requer energia ou gera calor, a segunda lei é preservada.
O problema prático por trás do pensamento
No mundo real, medir e controlar envolvem dispositivos físicos que precisam de energia. Deve-se somar a entropia do sistema com a entropia gerada pelo observador. A dúvida foi: medir sempre aumenta entropia? Ou apenas certas operações? Essa questão levou à ligação entre informação e termodinâmica.
As primeiras respostas: Szilard e a informação
Em 1929, Leo Szilard respondeu que o demônio precisa medir as partículas, e essa medição não é gratuita — consome energia ou gera entropia. Szilard formalizou a ideia de que informação tem custos físicos com um modelo de uma partícula, conectando medição, trabalho e entropia. Uma Revisão técnica sobre demônio e informação explora essas conexões.
Havia, porém, a brecha da medição reversível: se a medição fosse perfeitamente reversível, poderia não ter custo. Szilard, ainda assim, lançou as bases para relacionar informação e energia — fundamental para a teoria da informação e a física da computação.
Medir custa energia?
Medir implica interagir; essa interação tende a dissipar energia. Se há dissipação, há aumento de entropia. Medições reversíveis são teoricamente possíveis, mas o ponto decisivo é que apagar informação é irreversível e gera entropia.
O princípio de Landauer e apagar informação
Em 1960, Rolf Landauer mostrou que nem toda operação com informação aumenta entropia, mas apagar informação sim. Apagar um bit é um processo irreversível que gera um aumento mínimo de entropia no ambiente.
Fórmula: apagar 1 bit → aumento mínimo de entropia = kB ln 2.
kB é a constante de Boltzmann; convertendo entropia em energia, o mínimo de energia térmica para apagar um bit é k_B T ln 2.
Landauer explicou que o demônio poderia medir sem custo se tudo fosse reversível, mas precisa liberar memória para continuar funcionando. Apagar memória gera calor e compensa qualquer queda local de entropia, preservando a segunda lei. Um Experimento que testa princípio de Landauer verificou empiricamente esse custo térmico.
Importante: o custo não depende do design do dispositivo. Vem da física da irreversibilidade. Você pode reduzir perdas práticas, mas não evitar o limite teórico imposto por Landauer.
Consequências para a ciência e seu papel hoje
O paradoxo do demônio de Maxwell ajudou a criar a teoria da informação. Hoje, sua influência aparece na computação, na física estatística e na ciência dos dados. Se você trabalha com computadores, a ligação entre energia e bit é real: embora o custo por bit seja muito pequeno, importa em escala — por exemplo, em centros de dados e dispositivos móveis.
A história também ilustra como um problema aparente pode gerar novas áreas do conhecimento. Maxwell, Szilard e Landauer mudaram a forma de pensar sobre energia e informação — uma contribuição que ganha contexto entre outros mistérios do universo estudados hoje. Para uma Visão geral da teoria da informação, consulte a Britannica.
Resumo cronológico
| Pessoa | Ano | Contribuição |
|---|---|---|
| James Clerk Maxwell | 1872 | Propôs o experimento mental do demônio para desafiar a segunda lei |
| Leo Szilard | 1929 | Ligou medição ao custo físico; formalizou relação entre informação e trabalho |
| Rolf Landauer | 1960 | Mostrou custo mínimo para apagar informação: k_B ln 2 |
- Maxwell propôs o problema.
- Szilard trouxe a ideia de custo de medição.
- Landauer formalizou o custo de apagar.
Citação de Maxwell: “um ser capaz de enxergar individualmente cada partícula e controlar a porta…”
Essa imagem simples mudou muito do que você entende hoje.Nota: em tecnologia moderna, a ideia de que informação tem custo físico permanece válida. Afeta design de chips, criptografia e computação quântica.

Considerações Finais
A segunda lei, o demônio de Maxwell e o princípio de Landauer mostram a ligação entre energia e informação. Medir e processar dados têm custo físico; apagar um bit tem custo mínimo kB ln 2 (energia kB T ln 2). Em ambientes mais frios o custo em joules é menor.
A computação reversível evita apagar estados e pode reduzir dissipação; experimentos modernos replicaram versões do demônio e mostraram como controle e feedback afetam energia e entropia.
Pense nisso ao projetar ou escolher sistemas: pequenas decisões em software e hardware afetam consumo. A física da informação ainda traz surpresas.
Conclusão: O Demônio de Maxwell: o enigma que desafiou a física
A Segunda Lei não foi derrubada. O demônio de Maxwell foi a faísca que levou a física a considerar a informação como algo físico. Szilard mostrou que medir tem um preço; Landauer fechou o nó: apagar informação custa energia — pelo menos k_B ln 2 por bit. Não existe almoço grátis na termodinâmica: se algo reduz entropia em um lugar, o custo reaparece em outro.
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Perguntas Frequentes
Um experimento mental: um ser que abre e fecha uma porta para separar moléculas rápidas e lentas, criando um lado quente e outro frio sem gasto de trabalho aparente.
Porque reduz a desordem (entropia) em um sistema isolado, contrariando a ideia de que a entropia não diminui sozinha.
Sim. Mapeou custos físicos para medição e processamento de informação; apagar memória gera aumento de entropia, preservando a segunda lei.
Nem sempre — medições reversíveis são teoricamente possíveis. O ponto crítico é apagar informação: isso é irreversível e gera entropia mínima.
Sim. Experimentos com partículas controladas por feedback mostram que ganhar informação tem custo energético. Tudo confirma que a segunda lei permanece válida.




